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terça-feira, 27 de agosto de 2013

O que é seu está guardado...





"Pra você guardei o amor
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
 E permitir..."

___


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

For Your Babies




Uma música suave... para aquietar o coração, a esta altura da madruga...



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Post-rock


Adoro o Post-rock!

Na minha visão, é a música das ruas e praias desertas; do por do sol lambendo os edifícios de aço e vidro; das madrugadas literárias, solitárias, enluaradas e repletas de estrelas... 

É o rock que aponta para a beleza nos pequenos detalhes largados no meio do caminho, a espera de quem os possa encontrar... É aquele ritmo capaz de pintar, na tela da mente, o voo das aves; o desenho sinuoso das garoas nas vidraças; a imensidão do mar perpétuo e dos campos a perder de vista... São composições que nos conduzem para o aconchego dos bosques e nos elevam até a majestosa quietude das montanhas; que  resgatam as cores de cada nuvem nômade, de cada céu que vimos e veremos... 

Os acordes, que se propagam diante de meus olhos fechados, trazem a sensação dos toques inesperados; do amor que se desvela nos olhares; dos abraços que misturam os sentimentos; da paixão nas línguas que se enroscam até a intimidade e a cumplicidade... 

É a música dos gestos lentos, sutis; do tempo quase parando a vida... Também emoldura minhas horas de tristeza, de melancolia, de tédio e meus momentos de saudade, fazendo lágrimas rolarem pelas mãos...

São notas que exalam a lembrança dos perfumes que não passam; do dégradé das folhas mortas do outono; dos banhos de chuva no verão; das tardes alaranjadas que se refletem nos cabelos; dos sorrisos quando nos alcança a brisa; das penumbras que acalmam; do orvalho das manhãs; da luz do Sol entrando pelas janelas; da ida dos reencontros; das vindas das despedidas...

Ele é o som que, muitas vezes, me faz perder os contornos da existência, para eu saber quem sou. 


O Post-rock é a música da transcendência, onde sonhar não é o limite...

Existe muito mais, além de nós...


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Edit 1.1


Dei mais um "grau" no texto anterior... Agora, realmente, acabou...

A propósito, leiam este aviso.

Um abração!

Medo do Escuro


Queria esmurrar com raiva o ar, no que seria uma tentativa insana de acertar em cheio as sombras que o cercavam.

Não aprendera a lidar com a escuridão...  Como vencê-la? Como derrotar  o imponderável que lhe aniquilava o ânimo, antes tão forte, determinado? Estava acostumado com outro tipo de confronto,  decorrente dos atritos sólidos, palpáveis, da concorrência desleal, no mundo dos negócios... Nas disputas comerciais, vencia com requintes de crueldade, os que o desafiavam, lançando mão de todos os meios possíveis e impossíveis para a concretização de suas aspirações... Suas empresas lideravam o setor em que atuavam e, de tempos em tempos, batiam recordes de lucro...

Nesse embate interior, que o tomou de surpresa em sua sala, enquanto sozinho meditava, não podia, porém, comprar a vitória. Pensou em chamar alguém que pudesse ajudá-lo, mas, de que adiantaria? Quem do seu  imenso séquito de empregados poderia ser mobilizado em sua defesa? O que vienciava não podia ser colocado em cima da mesa na forma de números, gráficos ou tabelas. Família? Abandonara... Médicos? Iriam entupi-lo com remédios... Psicólogos? Não entrariam nele... Sentiu-se pela primeira vez, após décadas, perdido, porque não surgia outra ideia, outro artifício para se livrar do problema... Logo ele, tão conhecido por trazer na manga os seus "jeitinhos" que lhe abriram tantas portas através de transações escusas... Sentiu-se criança, novamente, com medo do escuro...

 O confronto ao qual se entregara, seguia com a aparência de insolúvel. Travava uma queda de braço em um campo que desconhecia completamente. Apesar dos esforços íntimos, não havia qualquer modificação em seu novo adversário, a escuridão, que permanecia imóvel, impassível, numa flutuação densa, constante, por vezes asfixiante, sitiando,  incólume, o infeliz "lutador".

Sem conseguir sair do lugar, o que ia sobrando desse homem criava raízes num ilusório assoalho de madeira apodrecida, que rangia continuamente, prestes a ceder sob seus pés esculpidos em mármore frio e pesado...

Porém, existia bem perto dele, pouco mais de um braço de distância, uma espécie de interruptor... O dispositivo era semelhante a uma semente, como um grão de mostarda, incrustado na alvenaria de suas criações mentais. Para esse homem, bastava um toque e o reles botão lançaria uma luz eterna naquele inóspito ambiente estreito, mas que a escuridão tranformara em um imenso deserto, com uma aparência de infinito...


sábado, 10 de agosto de 2013

Simple Man



Resta-nos algo, dado por esta senhora, de nome Simplicidade?


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Outras Vidas: Ardenas (1944)


Sentou-se, sem saber, ao certo, onde estava.

Nenhuma lembrança, nenhum pensamento acudia sua mente. Fora tomado por um vazio avassalador. Nenhum eco de humanidade reverberava em seu íntimo... 

A cabeça se esvaziara para dar vazão às lágrimas; para que elas escorressem. Entretanto, coisa alguma ali escorria, fluia, porque um inverno, dos mais rigorosos, penetrava todos os homens. Nem lágrimas, nem sangue, nem amor escorriam na pele de quem quer que estivesse ali. Tudo era feito de gelo, pedra, pólvora e chumbo.

Aliás, o metal das armas e dos projéteis eram as únicas coisas quentes naquela floresta. As balas infindáveis, cuspidas pelos fuzis e pelas metralhadoras traziam o ardor que muitos procuravam desesperados nesses tempos de desumanidade... Sentir no corpo o calor desse inferno, antes da hora derradeira, soava como algo sublime, paradisíaco. Dos céus, desciam as bombas que, para muitos, transformaram-se no símbolo da compaixão pelos sofredores na Terra...   

Após as batalhas, avistara, nos corpos de companheiros falecidos, muitas faces costuradas por um sorriso sinistro. Nunca entendeu isso... ou melhor, nunca quis entender... Não tinha medo da morte, tinha medo da dor... A dor era sua insônia, o que lhe roubava o sono tranquilo. A simples lembrança da dor era o que deveria trazer aos homens o discernimento para que nada daquilo ocorresse. Todos iguais perante a alegria e a dor... Mas não. A ganância, a ambição tapava-lhes os ouvidos com ouro. A sanha de poder, o egoísmo de uns poucos arrastara milhares de vidas para um lugar escuro, longe de tudo que amavam... 

No acampamento, enfurnados nas barracas, os homens não passavam de uma tropa de mulas que pouco ou nada se importava com os motivos dessa guerra fratricida. A razão fora banida pela sobrevivência a todo custo e as circunstâncias venceram as resistências do absurdo, escondendo-se sob o rótulo de "normais". 

Soluçava embaixo daquele capacete - um telhado que nunca deixava o sol entrar. Chorava sem saber mais o porquê. Lágrimas rolavam petrificadas na face rosada pelo frio. Tanto frio, que os sentimentos mais nobres congelavam-se na animalidade que ressurgiu inteiramente livre dentro dele. De mente vazia, esquecera que era um ser humano. Tornou-se inconsciente de sua sempre frágil civilização. Sentia, luta após luta, sua farda crescer como os pelos de seu corpo... e cresciam em abundância... Se algum "civilizado" pudesse vê-lo, estaria, novamente, diante dum lobo - antes, um homem, devorado por si mesmo. A barbárie retornava sequiosa, brandindo a espada da lei do mais forte. Nessa altura da jornada humana, não havia anacronismos; existia sim, uma ainda não evolução. O homem está, há séculos, estacionado em suas chagas morais. Numa teimosia incurável dos erros que comete. Por isso, sofre e, como se já não bastasse o tanto que sofre, busca para si mais sofrimento, num vai e vem cíclico e masoquista.   

De mente vazia, não sentia mais o frio, a fome, a saudade, a tristeza, a camaradagem, nem o peso do corpo exausto, nem o peso das medalhas pela bravura, pelos que matou, pelos ferimentos que ainda sangravam, todavia, não escorriam... O branco do gelo continuava o único puro e imaculado... 

Permaneceria ali, sentado para sempre, se alguém não tivesse dado um forte tapa em seu capacete e ordenado com energia: "chegou a hora, rapaz! De pé, soldado!". 

A ordem retumbante serviu como uma chave, acionando uma ignição que lhe inflamou a alma. Levantou-se rápido, automático.  Sentiu a adrenalina percorrer-lhe as veias. Discretamente, engoliu seco.  Passou no rosto as mãos cobertas por luvas negras. Um pouco atrapalhado, ajeitou o rifle sobre o ombro. Verificou a munição. Olhou ao redor, ao mesmo tempo em que apalpava a farda para ver se não havia esquecido algo. Saiu apressado, trotando... 

Em meio a correria, aos gritos de sargentos e oficiais, ao ronco dos jipes e dos blindados, misturou-se aos demais na coluna que partiria para a linha de frente. Não houve cartas escritas deixadas para trás, exceto pegadas que desapareceriam em breve...  

Marchou. Marcharam...  

Mal saíram do acampamento, ouviu de um cabo novato que andava ao seu lado: "olhem só... começou a nevar...".