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sábado, 10 de setembro de 2011

O Louco

por Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

1 vozes:

Lara Sousa disse...

Obrigada pelo comentário,gostei muito!Por isso,li sua página com muito carinho e me deixei levar por esse texto,que elejo como o preferido dos que li por aqui.Libertar-se das máscaras que acobertam nossos sentimentos,nos permite ser quem realmente somos e não dói nadinha,pelo contrário,alivia dores emocionais e nos torna cada vez mais humanos.Parabéns!

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