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sábado, 31 de dezembro de 2011

Every time I look into your lovely eyes

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

15 Minutos

O voo me parece interminável...

Por entre essas nuvens, o tempo escorrega viscoso, tão teimoso que chega a fazer da nossa drop zone um lugar imaginário...

Quem pilota o avião parece não se dar conta disso e continua a avançar cada vez mais fundo pelo território desconhecido...

Minha mente inquieta e ansiosa busca respostas que ninguém pode dar... a não ser... no momento em que atravessar aquela porta e me lançar no espaço e deixar tudo sem retorno... para o mais distante possível de quem penso ser...

Espero descer suave até tocar em mais alguma coisa que faça sentindo em minha intimidade; até aterrissar em mais algum pedaço de razão.

Espero. Mas não depende só de mim abrir o paraquedas...

Dos Pensamentos

"(...)

__Ainda não conhecemos, devidamente, na Terra, o poder do pensamento. A mente atua dentro e fora do cérebro pelo qual se manifesta, atraindo ou repelindo forças compatíveis ou antagônicas. Todos sofremos os reflexos uns dos outros, na carne, como também daqueles que estagiam fora do invólucro material, com os nossos recursos possíveis de assimilação ou desassimilação. Nenhum homem consegue estacionar, livre das ondas de intercâmbio dessa ou de outra ordem, que nos envolvem incessantemente. Absorvemos como eliminamos as imagens que nos são peculiares, caminhando com elas e atando-nos às suas amarras ou delas nos libertando, na direção da felicidade. Isto quer dizer que somos o que produzimos mentalmente, vivendo imanados aos nossos como aos pensamentos que recebemos dos outros... O Universo todo são permutas. A ideia que o homem plasma e cultiva, exterioriza e difunde, traduz o seu estado, a sua altura moral e espiritual. Ora, sintonizados com a Vida Excelsa, plasmaremos imagens superiores e viveremos emoções vitalizantes que nos esboçarão os pródromos da paz interior que, por fim, nos dominará.

(...)"

(Reflexão de José Petitinga extraída da obra "Nos Bastidores da Obsessão" ditada pelo espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo P. Franco. Ed. FEB, 8 ed.)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Assim na Guerra como no Amor

"I think we may be going a bridge too far..."



*Frase supostamente dita por Frederick Browning, tenente-general britânico, comandante do Primeiro Exértcito Aerotransportado Aliado, ao marechal Montgomery, antes da Operação Market-Garden.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

I heard it through the grapevine...



Retornando no embalo dos acordes saborosos do Creedence!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sem

Curioso ficar sem PC e sem internet por quase trinta dias, nesta era em que vivemos... Pensei que fosse um viciado em mundo virtual... Agora, tenho certeza de que não sou...

Para falar a verdade, poucas coisas e pessoas me "prendem" a esse mundo.

Saudade é mania de alma masoquista: gostosa e dolorosa. Sem internet por todo esse tempo, descobri-me um masoquista na saudade...

Nunca deixei de pensar em quem amo. Por que largar isso no caixote do esquecimento e fechar a sete pregos?

Dessa vez, por mais estranho que possa parecer, estar longe da tela de um PC foi o mais perto que consegui ficar de meu coração (e de você)...


*Neste momento, acesso o blog no PC do meu irmão sem ele saber (a gente tá sem se falar, por besteira, pra variar). Ainda estou sem meu PC e internet... A fonte do meu computador explodiu e não tive tempo para receber a assistência técnica aqui em casa. Aliás, durante esses dias, pensei melhor e acabei decidindo comprar um computador novo... Já estava na hora, realmente...


sábado, 12 de novembro de 2011

Cavalos e Homens

Estava no ponto de ônibus e um senhor muito calmo aproximou-se de mim.

__Eu nem me assusto mais... __confidenciou.

__Com o quê?! __ quis saber, algo surpreso

E percebendo que a minha curiosidade não era a da mera gentileza de ouvidos moucos, respondeu sem embaraço:

__Com tantos cavalos montados nas costas de milhares de homens e mulheres! Eles os fazem galopar e trotar sem parar por sobre os asfaltos quentes das largas avenidas esburacadas e em cima dos ladrilhos irregulares das ruelas até os becos sem saída... Galopam e trotam - nunca andam - até que seus pés, mãos e joelhos feridos sangrem... É meu jovem... Esses cavalos, enquanto degustam vinho nas adegas e se deliciam com rosbifes, relegam suas montarias à poças de água da chuva e ao ruminar tedioso da grama amarga, seca e mirrada que nasce no meio-fio das calçadas... Deixam o homem para trás, amarrado em frente aos locais de trabalho, centros de compras, teatros e cinemas, preso a rédeas e mordaças, sob pesados e incômodos arreios. Durante intermináveis horas, permanece fustigado pelo Sol escaldante, atazanado pela teimosia das moscas-varejeiras... Ao voltar para casa, o cavalo rude trancafia o ser humano transformado em quadrúpede, numa baia que evoca a memória das masmorras medievais, na mais completa escuridão... Rapaz, eu te falo que o relinchar ecoa por todos os recantos desta cidade e o homem prossegue calado, fingindo não estar ali, debaixo do animal, suportando tudo, covardemente... Se me perguntares até quando... Não sei...

Quando nos deixamos cativar

"Furtei", carinhosamente, o destaque abaixo, do blog de Lara S (não pude resistir):

''A gente corre o risco de chorar
um pouco quando se deixa cativar.
É preciso que eu suporte 2 ou 3 larvas
se quiser conhecer as borboletas.
Dizem que são tão belas..."

(O pequeno príncipe)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tribunal

Algo, eu tenho como certo, na minha vida: ser humano algum escapa desta amorosa e justa Voz da Consciência...

domingo, 6 de novembro de 2011

O próximo mais próximo

A família consanguínea, na maior parte das vezes, constitui-se naquela porção mais próxima de alguém, deste mundo ao derredor que se deseja melhorar.

(Pensamento à guisa de lembrete para mim)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Tom do Amor




Edit: recomendo aos amigos navegantes que ouçam também esta outra versão, um cover, não meu (como se eu fizesse algum... rsrsrs).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Dança das Borboletas



________________________________

Na imagem, duas pinturas surrealistas de Vladimir Kush: a primeira, Fauna in La Mancha, a segunda, Departure of the Winged Ship. Na música: Dança das Borboletas, composição de Alceu Valença.

sábado, 15 de outubro de 2011

Instante Eterno de Sabedoria

domingo, 9 de outubro de 2011

Meu Elemento, Meu Alimento

A madrugada é meu elemento.
Longe dela,
Longe de mim.

Longe da desertitude,
De minha rua tão solitária,
Iluminada de laranja,
Pelo lampadário discreto,
No silêncio dos postes...

Longe do voo rasante, elegante,
Da coruja cândida,
De asas grandes,
A me fazer sonhar,
Num calafrio,
Chirriando soberana,
Até desaparecer,
Por sobre o casario,
Como um eco,
De última natureza,
Que insiste em viver,
E se desfaz na quietude...

Longe da negrura castigada,
Do firmamento urbano poluído,
Lamentando poucas estrelas...

Longe da minha sentinela,
Que cuida de mim, a Lua,
Seja ela nova,
Ou a mesma antiga e cheia
Das noites claras,
Ou aquela, aqui dentro de meu quarto,
Crescente em meu coração...

Longe da aragem noctívaga,
A passear com brandura entre edifícios,
Pintados pela sombra, de escuridão,
E que por pouco, de tão altos,
Não me tiram os restos deste céu,
Que me envolve de mistérios,
Num arrasto de pensamentos,
Em meus medos e deslumbres infantis...

"A madrugada é meu alimento!
Longe dela, longe de você!"

É o que diz em minh'alma, interrompendo-me a inspiração, neste instante, a solidão.

Ah! Ingrata solidão que me rouba os verbos mudos!

Mas, sem ela, quem fala por mim?

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Gonzaguinha? Eu quero é BIS, SEMPRE!


Esse cara é um gigante da nossa música! Suas canções são magistrais!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nos últimos 15 dias...

...senti na pele o significado de uma frase que meu pai citava muito pra mim:

"O tempo é um recurso limitado, escasso e não renovável."

sábado, 17 de setembro de 2011

O Dia

Existe um dia em particular no qual trago de volta a vida meu ser: a quinta-feira.

Eu sou expulso do ventre da quinta-feira e morro no dia seguinte, com algo diferente, mais desperto, mais livre, dentro de uma sexta de inconsciências urbanas.

Toda quinta-feira é a mesma. Não há quatro ou cinco, como costumam mentir os meses. Existe apenas uma: a quinta que me pariu - e ela continua a me parir, em única vez, a cada semana.

Refaço-me nessa gestação periódica extenuante de seis dias incompletos, fruto de um caso persistente, não quisto pela sociedade, entre a quinta-feira e o cotidiano com sua rotina ingrata.

E renasço na frente de um mundo que, amedrontado, prefere ficar dentro de sua própria mesmice visceral.

Renasço na hora que o Sol vai cozinhando o céu, deixando o dia virar noite... com sabor de sereno...

sábado, 10 de setembro de 2011

Meu Amigo



Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência.

Meu Amigo, o Eu em mim mora na casa do silêncio, e lá dentro permanecerá para sempre, despercebido, inalcançável.

Não queria que acreditasses no que digo nem confiasses no que faço – pois minhas palavras são teus próprios pensamentos em articulação e meus feitos, tuas próprias esperanças em ação.

Quando dizes: “O vento sopra do leste”, eu digo: “Sim, sopra mesmo do leste”, pois não queria que soubesses que minha mente não mora no vento, mas no mar.

Não podes compreender meus pensamentos, filhos do mar, nem eu gostaria que compreendesses. Gostaria de estar sozinho no mar.

Quando é dia contigo, meu Amigo, é noite comigo. Contudo, mesmo assim falo do meio-dia que dança sobre os montes e da sombra de púrpura que se insinua através do vale: porque não podes ouvir as canções de minhas trevas nem ver minhas asas batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouças nem vejas.

Gostaria de ficar a sós com a noite. 

Quando ascendes a teu Céu, eu desço ao meu Inferno – mesmo então chamas-me através do abismo intransponível, “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada”, e eu te respondo: “Meu Amigo, Meu

Companheiro, Meu Camarada” – porque não gostaria que visses meu Inferno. A chama queimaria teus olhos, e a fumaça encheria tuas narinas. E amo demais meu Inferno para querer que o visites. Prefiro ficar sozinho no Inferno. 

Amas a Verdade, e a Beleza, e a Retidão. E eu, por tua causa, digo que é bom e decente amar essas coisas.

Mas, no meu coração rio-me de teu amor. Mas não gostaria que visses meu riso. Gostaria de rir sozinho. 

Meu Amigo, tu és bom e cauteloso e sábio. Tu és perfeito – e eu também, falo contigo sábia e cautelosamente. E, entretanto, sou louco. Porém mascaro minha loucura. Prefiro ser louco sozinho:

Meu Amigo, tu não és meu Amigo, mas como te farei compreender? Meu caminho não é o teu caminho.

Contudo juntos marchamos, de mãos dadas. 


__________________________________
(Excertos de “O Louco”, por Gibran Khalil Gibran)

O Louco

por Gibran Khalil Gibran


Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

The Animals!



Para mim, é a melhor versão dessa música. Eric Burdon, cantando-a... putz! É de arrepiar!


sábado, 3 de setembro de 2011

Por Onde Ando?


Fui obrigado a ser um "gaijin" em minha própria terra; um "estranho estrangeiro".

(Existe alguém, nesta província, que fale minha língua?)

Eles me fazem estar neste mundo sem pisar nele...

Não me lembro mais da maciez da grama, nem da dureza do chão.

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Na imagem: xilogravura de Katsushika Hokusai, intitulada "A boy in front of Fujiama".

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Parando o Tempo




Eu precisava terminar meu dia ouvindo isso...


(Na música: Clair de Lune, by Claude Debussy)

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Instinto Sagrado

Eu, a fome e um naco de pão.

O pão que sustenta cristão.

Mas não sou cristão.

Não "sou" de qualquer religião.

Ser cristão é pouco.

Ser apenas quem sou é muito.

Mas ser um ou outro já é um bom começo.

Bom mesmo é estar entre os dois.

No meio do nada, longe de tudo, trilhando o amarelo.

Como esse simples naco de pão.

Deixando de ser o que é entre meus dentes.

Saciando minha fome.

Sacrifício

No amor,
O que acontece
É uma loucura honesta
- sempre tão honesta -
Que alguém chega a cortar
Na carne da própria alma
Para dar de comer ao outro...

sábado, 13 de agosto de 2011

Alegria Verdadeira

"Buscar a alegria, ignorando sua causa, é compreender erroneamente a verdade. Quando a alegria (ou ganho) se torna um fim em si, procuramos o prazer pelo prazer (ou lucros e bens como finalidades), assim gerando todas as condições que trazem sofrimento na vida. A verdadeira alegria nos relacionamentos íntimos surge da harmonia entre os 'eus essenciais' das pessoas. Uma comunhão de espíritos é o resultado natural da sinceridade, verdade e dedicação desinteressada ao que é bom e grandioso. Quando a alegria experimentada se torna algo que nos empenhamos em manter, passa a ser uma finalidade em si mesma e não a feliz conseqüência de termos seguido o bem. Perseguindo a alegria, experimentamos apenas o descontentamento de lutar por ela; então, a inveja e a poessessividade ganham corpo, obscurecendo o resto."

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(Carol K. Anthony, em O Guia do I Ching - Ed. Nova Fronteira )

Assim é Mais Fácil Ser Feliz

Certo dia, num mosteiro zen-budista, com a morte do guardião, foi preciso encontrar um substituto. Por conta disso, o grande Mestre convocou todos os discípulos para descobrir quem seria a nova sentinela.
O Mestre, com muita tranqüilidade, falou:

"Assumirá o posto de monge quem conseguir resolver primeiro o problema que eu vou apresentar".

Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo. Disse apenas: 

"Aqui está o problema!"

Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e... ZAPT!... Destruiu tudo, com um só golpe! Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse:

"Você é o novo guardião".

Não importa que o problema seja lindíssimo. Um problema é um problema, mesmo que se trate de uma mulher sensacional, um homem maravilhoso ou um grande amor que se acabou. Por mais lindo que seja ou tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, deve ser suprimido. Muitas pessoas carregam a vida inteira o peso de coisas que foram importantes no passado, mas que hoje somente ocupam espaço - um lugar indispensável para criar a vida.

Os orientais dizem: "Para você beber vinho numa taça cheia de chá, é necessário primeiro derramar o chá para, então, beber o vinho." Ou seja, para aprender o novo, é essencial desaprender o velho. Limpe a sua vida, comece pelas gavetas, armários até chegar às pessoas do passado que não fazem mais sentido estar ocupando espaço em sua mente.

Vai ficar mais fácil ser feliz.
________________

Nota: o texto não é de minha autoria, tão pouco conheço o(s) autor(es).

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Algumas Razões Para Te Amar

Desde que revelei o que sinto, você nunca jogou comigo, nunca me ridicularizou.

Nunca me fez ciúmes ou mentiu para mim.

Nunca tirou proveito da situação para alimentar seu ego.

Preferiu a sabedoria do silêncio ou desconversou para não me magoar.

Muitas vezes, fui orgulhoso e fiz mau juízo, por pensar que era como as outras, quando na verdade o que havia entre nós era o medo... Sei que você possui experiência para entender que não se brinca com o amor, porque já sofreu por amor.

É verdade... Estamos crescendo, amadurecendo, transformando o amor em algo mais doce, mais nobre, menos infantil, menos egocêntrico.

Você nem imagina, mas me ensinou muitas coisas; apontou-me muitos caminhos; mostrou-me muitos sonhos.

E quando li suas palavras, pela primeira vez, há dois anos, nas linhas que deixava para trás, algo me disse que seria assim.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Meu Desejo


"Quiero hacer contigo lo que la primavera hace con los cerezos."

- Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras. -

(Pablo Neruda)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Brilho Sob a Chuva (2)

Tentando afugentar o tédio que me assola, nesta tarde morna recifense, resolvi catar pela internet algumas cifras para violão. Soltar o verbo na garganta, numa cantoria, é "tudo de bão"...

Mexi num canto, cliquei noutro e esbarrei com uma música de Raul Seixas, muito gostosa de ouvir. O curioso é que ela tem tudo a ver com um texto que postei alguns dias atrás... Fiquei surpreso com a letra, uma boa "coincidência" daquelas...




Chuva Amiga - Raul Seixas

Sei que vai chover,
Mas eu não ligo quando estou com você.
Deixa chover,
Esqueça a capa e o guarda-chuva porque
Nosso amor já é um abrigo, eu sei,
Por que proteção?
Vamos sair e curtir.
Já vai chover.

Vem, deixa chover
Deixa molhar o seu cabelo com o meu.
Quando chover,
Não tenha medo de ir lá fora porque
Hoje as ruas só pertencem a nós e a mais ninguém.
Deixa molhar os seus pés,
Já vai chover.

Os pingos d'água eu vou guardar no meu corpo.
Nós dois andando sob a chuva amiga.
Quantas janelas vão fechar eu não sei
Nem importa...

Vem, já vai chover
Que tal molhar o seu cabelo com o meu?
Quando chover,
Não tenha medo de ir lá fora porque
Hoje as ruas só pertencem a nós e a mais ninguém.
Deixa molhar os seus pés.

Já vai chover.

sábado, 23 de julho de 2011

Amor Sem Grilhões

"Independência interior significa precisamente isso: não depender emocionalmente de ninguém. Tornamo-nos dependentes dos outros ao dizermos a eles: "Escute, eu me dei a você. Portanto, minha felicidade e amor próprio dependem de você e de como você me considerar. Eu pertenço a você." Isto, naturalmente, é o trabalho de nossa auto-imagem/ego, que não pode existir a menos que se veja refletida nos olhos dos outros. Ela (auto-imagem) fará qualquer tipo de barganha, na esperança de ser confirmada. Se permitrmos que tal coisa aconteça conosco, devemos tomar de volta o que quer que tenhamos dado. Não temos o direito de nos dar a alguém e, embora isso possa lisonjear a outra pessoa, ela talvez nos despreze por este motivo, já que não quer tal reponsabilidade. Quando essa outra pessoa ficar cansada da lisonja ou da conveniência de nossa servidão, irá nos abandonar. O único relacionamento correto que podemos ter com mais alguém é aquele em que duas pessoas seguem, independentemente, o caminho da verdade e do bem."

___________________

(Carol K. Anthony, em O Guia do I Ching - Ed. Nova Fronteira )

sábado, 16 de julho de 2011

Chorando


Acordei hoje com alma de vitrola e uma música tocando sem parar na minha cabeça. Ouvi-la em meu sonho, deixou em mim um eco de saudade, uma vontade de abraçar alguém... Desde que saí da cama, fiquei cantando a letra...

Engraçado como essas melodias costumam girar a nossa volta, e entrar e sair dos pensamentos o dia todo.

A canção, por demais conhecida, é um dos momentos mais belos da música popular brasileira. Nela, Pixinguinha e João de Barro conseguiram expressar a paixão de alguém por outrem com uma delicadeza genial, ímpar. A composição exala um romantismo singelo, puro, ao mesmo tempo intenso, cálido, sôfrego.

Numa busca pela internet, encontrei esta versão, na voz de Marisa Monte, acompanhada por Paulinho da Viola:



Recordando o sonho, lembro-me de estar tocando essa música no violão, junto com alguns amigos. Lembro-me também que estávamos aqui, bem em frente ao lugar onde moro, sentados no meio-fio da calçada. Parecia um sarau em plena madrugada. Eu executava um solo em ritmo de choro, feito um virtuose. Como se o sentido de minha vida tivesse esperado por este único instante para se revelar...

Despertei e quis voltar para o sonho e não consegui... Uma pena! Tudo aconteceu muito rápido. Mas o tempo foi suficiente para a música criar suas raízes dentro de mim.

Por enquanto, os meus olhos sorridentes apenas "vão te seguindo" e canto essa melodia na incerteza de não saber por que, nos mistérios do coração, ele "bate feliz quando te vê". Não sei se posso seguir o meu coração, mais uma vez aberto, logo agora que cicatrizava...

domingo, 10 de julho de 2011

Brilho Sob a Chuva



Quando a chuva finalmente aparece, e você não foge com a multidão em busca de abrigo, acaba andando sozinho no meio da rua.

É sempre assim. Nesses momentos, uma alegria melancólica aperta o meu peito e permaneço com todas as lágrimas alaranjadas no final da tarde. Nunca é completa uma alegria dividida apenas consigo mesmo.

Depois, as ruas se enchem mais uma vez de gente e a multidão seca me vê como um tolo de roupas encharcadas. Esses de roupa seca fogem de mim como fogem da chuva. Fogem de si mesmos, na verdade.

Com a chuva, a Natureza vai resgatando a minha inocência perdida... Para ela, sou terra molhada, porosa. Cada gota d’água que escorre na pele e se infiltra em meu corpo reflete a luz do Sol.

Nessa tarde, eu tive a chuva, sozinho. Mas não a quero apenas em mim. Há chuva para quem quiser. Basta que fiquemos esperando por ela, a passos lentos, bem no meio da rua.

_________________

Na imagem: óleo sobre tela de Leonid Afremov.


quinta-feira, 30 de junho de 2011

Eles Não Sabem

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


(Pedra Filosofal - Antônio Gedeão)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Solióquio (2)

No individuo adulto, que esteja com a posse plena de suas faculdades mentais, o exercício do livre-arbítrio é o ato supremo da solidão.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Mais Forte

Um índio cherokee falou a seu neto sobre uma batalha que se desenrolava dentro de si:

"Meu filho", disse ele, a vida é vivida entre dois lobos. Um é cheio de ira, inveja, dor, autopiedade, inferioridade e superioridade. O outro é pleno de alegria, paz, esperança, humildade, bondade e fé."

O neto perguntou ao avô: "Qual lobo vence?"

O velho simplesmente respondeu: "O que eu alimento."


___________

(Corpo em Equilíbrio, Nancy Mellon, Ed. Cultrix)


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Essa Voz que Clama Dentro de Mim


______________

No vídeo: Mark Knopfler, a frente do Dire Straits, e Eric Clapton, in Mandela Live 1988.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Com a palavra, o Professor...



"(...) quando duas pessoas estão unidas no íntimo de seus corações
podem romper até mesmo a resistência do ferro e do bronze.

E quando duas pessoas se compreendem plenamente no íntimo de seus corações, suas palavras tornam-se doces e fortes como a fragrância das orquídeas".


(Confúcio 551 a.C - 479 a.C.)

Sessenta e Quatro Casas

__Não desembainhai vossas espadas! Abandonai vossas lanças e machados!__ proclamou o rei, a plenos pulmões, aos seus homens, no campo de batalha.

Todos se entreolharam surpresos e um ruidoso murmúrio percorreu as fileiras. Tinham escutado bem? Abandonar as armas, bem ali, diante do inimigo? O que tinha em mente, agora, aquele soberano, tão beligerante em suas decisões? Na véspera da batalha, havia rejeitado com veemência a trégua...

O medo e a confusão assaltaram a tropa. Em vão, os comandantes tentavam acalmar os ânimos mais exaltados. O líder muito amado parecia deixar seus guerreiros entregues a própria sorte...

__Rendição?! __inquietou-se um espadachim.

__O rei enlouqueceu?! __gesticulou o porta-estandarte.

__Ele nos abandonou! __odiou o piqueiro.

__Isso é covardia!!! __esbravejou um cavaleiro.

__Herege!!! __condenou o bispo.

__Senhor! O inimigo não terá compaixão! __engoliu seco um arqueiro.

__E nossas terras, esposas e filhos?! __implorou o escaramuçador.

__Que morra sozinho! __escarneceu um pagem.

Enquanto se levantavam cada vez mais raivosos, os protestos, uma sentinela sinalizava no alto de uma torre, a rápida aproximação do exército inimigo em grande formação cerrada...

A rainha, antes de partir, comovida, agarrou o braço de seu marido. Quisera saber o porquê daquela decisão. Por que arriscar tanto, a vida de tantos? E a própria vida? Não se importava mais com ela? Não amava mais a sua mulher?

O monarca endereçou à esposa um olhar de compaixão. Tocou no rosto da amada e sorriu com tristeza. Não se despediu. Afastou-se dalí, montado em seu cavalo que fora posto em marcha à frente de seus vassalos.

Com destemor, encarou o adversário. Ergueu sua espada reluzente e arremessou-a para longe.

__Quem me segue!?__ perguntou aos seus, com altivez.

Um silêncio sepulcral fora ouvido.

__Quem me segue?! __ e mais uma vez a pergunta não encontrou o que procurava.

E, no meio da tropa, houve quem erguesse voz ousada e atrevida, mais alta que as outras...

__Dane-se o rei! Carga total! __ era um de seus generais, montado em alvoroçado corcel negro. __ Avançar!!! Avançar!!!

A cavalaria pesada lançou-se delirante em direção ao flanco esquerdo da força oponente. O chão estremeceu sob os cascos. Cavaleiro e cavalo como única besta, num galope infernal...

A infantaria, por sua vez, contagiada pela euforia do general traidor, brandiu as armas, ensandecida. __A vitória ou a morte!!! __urraram em uníssono. Os clarins estridentes e os tambores de guerra soaram em ritmo acelerado.

A massa, antes compacta, após o choque frontal das armas, quebrou a formação. Todos ficaram mortalmente expostos ao ataque inimigo. Uma luta acirrada, desesperada, espalhou-se pelo campo. Impotente, o rei viu a carnificina recair por sobre seus homens apavorados. Quiseram recuar, mas era tarde...

__Xeque-mate! __vibrou Cicinho, meu amigo.

__Hum?

__Há! Xeque-mate! Olha aí, rapaz! Num tem saída!

__É... pelo visto, fechasse legal...

__O lance foi o teu cavalo. Movesse pra casa errada...

__Foi sim... Vacilo meu... __lamentei.

__Vamo outra que essa foi rápida.

__Tô afim não.

__Iiihhh... Que morgação é essa, meu velho... Ainda tás com aquela história na cabeça? Já disse, calma... deixa pra lá... curte o momento... Guardar raiva adoece a gente. Não é isso que você vive me dizendo?

__É... Mas, falar é fácil. Ficar calmo e aceitar são outros quinhentos... Certo?

__Relax my friend... Te convidei pra vir aqui em casa, pra esparecer a cuca... Toma teu refri sossegado e vamos fazer um brinde à...

__Paz? __arrisquei na resposta, um tanto irônico.

__Boa! __aplaudiu Cicinho. __Brindemos à paz em nós, porque este mundo tá muito louco. Que o bicho-homem possa deixar as guerras restritas apenas aos tabuleiros de xadrez!

__"Tin-tin", então...

Depois do brinde, derrubei o meu rei de cedro, no tabuleiro...

domingo, 15 de maio de 2011

Não-Ação

No início da noite, Satoru e seu discípulo meditavam num aposento livre de imagens. Próxima aos dois, uma vela iluminava o local, modestamente, em frágil pires de porcelana.

A certa altura do exercício, o aluno, algo assustado, falou:

__Mestre... as nossas sombras... projetadas nas paredes deste recinto... são tão grandes...

Satoru notou que a respiração do aprendiz fazia com que a pequenina chama trepidasse quase ao ponto de apagá-la. Nesse mesmo instante,
interrompeu as palavras do pupilo e, finalizando a meditação, disse:

__Vamo-nos daqui, agora, e deixemos o local entregue à luz dessa vela para que, em paz, cumpra a sua tarefa de iluminar, sem a nossa inconveniente presença...

As sombras desapareceram.


domingo, 8 de maio de 2011

Destaque

Leiam excelente matéria postada no Depósito do Calvin em que Bill Watterson revela o porquê do não licenciamento de suas criações "Calvin & Haroldo".

(Dá-lhe, Bill! É assim que se faz!)

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Eu te amo, em silêncio...



"Nós somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som..."

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No vídeo: Lulu Santos canta a música "Certas Coisas"- Acústico MTv.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pessoa


Na Véspera de não Partir Nunca

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego...
Grande tranqüilidade...
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que prazer olhar para as malas fítando como para nada!
Dormita, alma, dormita!
Aproveita, dormita!
Dormita!
É pouco o tempo que tens! Dormita!
É a véspera de não partir nunca!

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Álvaro de Campos, in "Poemas"


Na Imagem: retrato de Fernando Pessoa - MS Paint -, by Gaijin.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Resposta a um Amigo


Costumo trocar correspondências via e-mail com um grande amigo, analisando e emitindo opiniões acerca de temas variados. Hoje, respondi mais uma dessas "cartas", na qual ele quis saber as minhas impressões a respeito da seguinte sentença de Eckhart Tolle:

"Nós somos o céu. As nuvens são as coisas que acontecem, tudo o que vem e vai".


* * *

O citado pensamento tolliano me remete à lembrança da porção imutável (centelha divina) em nosssa intimidade.

Durante uma viagem de ônibus, em que meditava sobre esse assunto, clareou-me a cabeça um insight:

A água muda de fase, invadindo os subsolos ou buscando os céus. Preenche formas variadas que vão do relevo terrestre às células eucariotas e procariotas. Suporta paciente a poluição, não grita diante das pressões abissais e nem se assusta nas quedas das cachoeiras. Serve humilde, movendo máquinas e atendendo, incansável, o consumo doméstico das populações. Alberga em seu seio, com generosidade materna, as mais variadas espécies de seres. Pode ser vista como uma singela gota de orvalho ou como um imenso manancial. Ora traz o belo arco-íris, ora o forte estrondo de um trovão... Arrebenta diques com força irresistível, sendo que, na lágrima, escorre no rosto com delicadeza...

A água faz tudo isso sem deixar de ser o que é!

Da mesma forma que esse "líquido sagrado", vejo o céu evocado por Tolle, como sendo a representação do que somos, na essência, mas que ainda não integramos de forma plena ao nosso consciente...

O ceú pode estar límpido ou nublado, mas nunca deixará de ser o que é!

Diante dessa realidade, se nos sintonizarmos com a essência, a Verdade, aquilo que é imutável através dos séculos, sempre teremos condições de superarmos, com serenidade e paciência, as adversidades, por compreendermos o caráter transitório das coisas e situações (nuvens).

Elevando-nos ao "céu interior", dilata-se o discernimento e conseguimos fazer uma distinção mais nítida entre o mutável e o permanente.

Mário Quintana, poeta, tradutor e jornalista brasileiro, de certo modo, já havia se inteirado dessa realidade quando, em célebre texto, intitulado "Poeminha do Contra", disse:


"Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!"

E para onde vai esse "eu-passarinho", ao voar, senão para o céu que traz consigo, em seu mundo interior?!

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Na imagem: belíssima foto realizada por Diego Cavichiolli Carbone

Atribuição 2.0 Genérica (CC BY 2.0)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Os Sete Odores do Arco-Íris Urbano

O ser humano exala, intensamente, sete odores:

Papel-moeda

Cosméticos

Sexo

Cachaça

Fumaça de cigarro

Óleo de automóvel

Gordura de lanchonete

A Origem da Morte*

Fobos e Deimos subiram até o cume de uma grande montanha e, evocando Bóreas, o devorador, pediram que este soprasse à humanidade a maior de todas as mentiras:

- Tânatos existe!

A frase maldita se dispersou com o vento traiçoeiro, e todos os cantos do mundo tiveram seu conhecimento. A partir de então, o egoísmo e um de seus filhos, o apego, encontraram guarida na alma de cada criatura humana.

Ícelo teve liberdade de agir ao meio dia, e os pesadelos surgiram na vigília. Foram vistas sombras nas calçadas das cidades e sobre as plantações.

Cidadão algum estaria mais em segurança, porque todos quiseram tudo apenas para si - vergastados dia e noite pela cobiça e pela inveja - numa busca insana por proteção...


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*Da Série "Reescrevendo Mitos" - by Gaijin.


domingo, 10 de abril de 2011

Água Doce


Espiava no igarapé aquele pedaço da mata virgem em forma de mulher. Uma morena, tão nua, toda entregue ao Sol, deitada em cima de imensa vitória-régia. O calor havia repousado as mãos no seu corpo suado que brilhava de satisfação. Os longos cabelos negros esparramados sobre a água eram alisados por suave correnteza que levava a jovem, lentamente, para longe de mim...

O curumim me puxou pela camisa.

__Num vai lá atrás da minha irmã, não?!

__Peraí... Tô pensando no que eu vou fazer... __respondi.

__Pensa não, vai lá... Senão, ela some...

__Você sabe dos meus medos...

__Então, espera ela voltar.

__Espero não. Tem que ser agora!

__Olha, ela tá indo embora... Vai perder minha irmã pro rio! __brincou o pequeno.

Vim de longe, para estas terras abençoadas pelo Cruzeiro do Sul graças a uma incrível geração que velejou por imensos mares nunca antes navegados, numa inconsequente, ousada e bem sucedida aventura. Entretanto, cá estou, sem conseguir dar algumas simples braçadas em pouca distância... O menino parece uma piabinha em ribeirões... Inveja danada desse indiozinho que vive tomando banho e mergulha dando cambalhotas...

Eu sei nadar, mas acontece que o ânimo de cair n'água trouxe alguns medos clandestinos nos porões de minha nau. Realmente, o difícil era entender o que se passava em meu coração: estavam desaguando, às margens dos riachos por onde andava, amores e temores parecidos com aqueles que eu sentia quando em alto-mar...

Desde que aqui cheguei, causam-me calafrios, as águas doces e escuras dos rios à sombra das frondosas árvores. Quase sempre, quedo por alguns minutos, imaginando que criatura poderia encontrar, escondida no lodo do fundo ou sob os milhares de aguapés... Quando consigo enxergar algo além da superfície, não raro, vejo apenas um emaranhado de raízes e hastes submersas, de coloração castanha escura e esverdeada, cobrindo as profundezas...

Todavia, algo me atrai nesses riachos, porque, apesar de tudo __é quase irresistível__ há um desejo de sumir sob as águas, em um nado oculto, rumo ao desconhecido...

A índia percebeu a nossa movimentação por detrás da moita e gritou desconfiada. O curumim, aos pulos e berros, pegou-me pela mão e mostrou-me para a irmã que abriu um lindo sorriso. Fiquei sem jeito... Ela acenou, chamando. Meu coração disparou. Chamei-a de volta. Ela fez um gesto de negação com a cabeça, apontou para mim e depois encostou a palma da mão na vitória-régia.

__Você fica! Eu vou! __falei, pegando no braço do indiozinho que, saltitante, já ia entrando n'água.

__Chegou a coragem?! __alegrou-se o pequeno.

__Não... Ainda, não... __suspirei, caindo em mim mesmo.

A correnteza prosseguia e o chamado da índia já parecia um adeus.

quinta-feira, 17 de março de 2011

A culpa é do luar...



...que entrou em meu quarto e me fez ir até a janela para olhar o céu desta noite...

segunda-feira, 14 de março de 2011

Litígios

Não é ganhar ou perder de alguém. A questão é até que ponto vão a mágoa, o orgulho ou os medos do ser humano...

sábado, 12 de março de 2011

No apagar das luzes


Ao mergulhar de cabeça
Nas madrugadas mais escuras
Sempre faço de mim
Um pedaço da noite
Para compreender as estrelas

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Photo by Leonid Tishkov

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Bambuzal


No caminho
Chuva fria
Vendaval
Bambuzal
Açoitado
Reverente
Apontando
A direção
Vejo a trilha
Vou trilhando
Quase caio
De joelhos
Levo a mão
À cabeça
Não segura
Meu chapéu
Sobre mim
Desaba o céu!
Lamaçal
Finco os pés
Folhas caem
Passageiro
Suportando
Sobrevivo
Por inteiro
Mundo inteiro
Tudo acaba
Tudo volta
À retidão
Sigo em frente
Mais ligeiro
Mais humilde
Bambuzal
Que se curva
Não se quebra
De tão forte
Espanta a morte
Quando sopra
Vendaval

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Todos os Dias

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Estados de Consciência

Não acredito em céu, muito menos em inferno, exceto dentro da compreensão do seguinte texto (não é de minha autoria):


Parábola do Céu e Inferno


Um Samurai grande e forte, de índole violenta, foi procurar um pequenino monge.

- Monge - disse, numa voz acostumada à obediência imediata - Ensina-me sobre o céu e o inferno!

O monge miudinho olhou para o terrível guerreiro e respondeu com o mais absoluto desprezo:

- Ensinar a você sobre o céu e o inferno? Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu fedor é insuportável. A lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha, uma humilhação para a classe dos samurais. Suma da minha vista! Não consigo suportar sua presença execrável.

O samurai enfureceu-se. Estremecendo de ódio, o sangue subiu-lhe ao rosto e ele mal conseguiu balbuciar palavra alguma de tanta raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.

- Isto é o inferno - disse o monge mansamente.

O samurai ficou pasmo. A compaixão e absoluta dedicação daquele pequeno homem, oferecendo a própria vida para ensinar-lhe sobre o inferno! O guerreiro foi lentamente abaixando a espada, cheio de gratidão, subitamente pacificado.

- Isso é o céu - completou o monge, com serenidade.

__________________

Ou seja, céu e inferno não tem a ver com "geografia espiritual"... Tem sim, com estado de consciência.

E o que eu disser sobre isso, em meus textos, não passará de símbolos a descreverem meus estados de espírito...


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Egotrips


Deixar a "criança interna" vir à tona é sinal de maturidade. "Ser criança" não é ser um bobo, um inconseqüente. Muita gente pensa que ser sisudo é condição para se tornar adulto...

Por deixarem essa criança presa é que existe tanta gente com uma qualidade de vida tão aquém da ideal, prejudicando, inclusive, muitos do seu convívio.

Passei uma boa parte da vida com uma visão muito séria de mim mesmo, das coisas, pessoas e situações. Era um jovem "metido a velho". Este "homem antigo" ainda pode ser visto em várias passagens dos textos de meu blog.

Talvez, esse ancião nunca pare de me assombrar. Talvez...

* * *

Por mais que eu seja educado, gentil, sem excessos ou afetações, a maioria das pessoas que conheço, ainda fica ressabiada em me conhecer. Até hoje, não sei a razão disso. Cismam comigo do nada. Parece que todo mundo se torna tímido perto de mim; sem jeito... Aproximam-se com o freio de mão puxado...

Antes que alguém diga que isso é "neura" ou "invenção de minha cabeça", sei que existe algo diferente no ar, porque, quando olho ao redor, vejo que isso não acontece com os outros... Sempre tive que improvisar para deixar as pessoas mais à vontade.

Preconceitos, às vezes, são engraçados. Ora nos fazem sentir um Frank Sinatra, ora um macaco dentro de uma jaula de zoológico...

Mais tarde, vêem que não sou um bicho de sete cabeças; que tenho boca, mas não sou de morder; que minha vida é um livro aberto... Terminam dizendo que sou muito legal e coisa e tal...

* * *

Por mais sério que um dia eu tenha sido, paradoxalmente, nunca gostei de ambientes cheios de formalidade. Sempre flertei com a espontaneidade que gera aqueles momentos cheios de alegria serena, na qual ficamos distantes de qualquer ansiedade, totalmente à vontade perante o outro; de alma despida.

* * *

Se por um lado, gosto de espontaneidade, de alegria e de ser criança, por outro, evito as festividades que aglomeram as multidões frenéticas. Prefiro o silêncio das praias e ruas desertas quebrado apenas pelo sussurro do vento, pelo canto dos pássaros e pela voz da pessoa amada... Tenho verdadeira paixão pela cumplicidade e pela intimidade (no amor, dupla mais perfeita, não há). Creio, piamente, que estas duas últimas só podem ser satisfeitas, de forma plena, numa "solidão a dois"...


domingo, 13 de fevereiro de 2011

Urbana Legio Omnia Vincit

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Solilóquio

Solidão
É quando se lida,
Sozinho,
Com a solidariedade...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Indiferença

A indiferença é um grito mudo dos mais altos e desumanos que um coração pode ouvir ou proferir.

Ser indiferente é sentenciar-se ao desterro de uma pátria chamada amor.

Perde, dessa forma, o indiferente, a oportunidade de amar duas vezes: o seu próximo e a si mesmo. Perde a oportunidade de ser duas vezes grande...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Assim tem início mais uma madrugada...




...e não sei como, nem quando, vai terminar...

__________

No vídeo: parte da música "La Villa Strangiato", executada por Geddy Lee (baixo e órgão), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria), integrantes da banda Rush, no Pinkpop Festival (1979).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Reencontro

Novamente, tentei deixar a barba crescida. Ansiava por um reencontro comigo.

Havia perdido a minha identidade para outros que nunca se importaram em saber quem eu era... Borraram meu rosto e, dessa forma, idefinido, fizeram de mim um mero alguém. Um sujeito limitado ao que diziam olhos alheios...

Queria enxergar-me, contudo, nunca fazia isso através dum espelho. Pelo espelho, impossível. O espelho sempre me disse que nunca estarei frente a frente com ele... muito menos comigo...

Por isso, a barba.

Ela, assim, já crescida, espetava-me. Sentia seu toque constante, enquanto os pelos resgatavam um rosto apagado pelo tempo, esquecido por minha pessoa, desvirtuado por muitos.

Se a barba, por um lado, cobria o meu rosto, por outro, trazia de volta um olhar sincero sobre mim. Um olhar trazido pela minha mão que cofiava seus fios como quem procura por algo oculto sob um tênue véu negro... Pude, então, redescobrir marcas, linhas e contornos de uma existência abandonada.

Seguia o caminho apontado, devassando máscaras, porém, antes que me revelasse de todo, o medo, de novo, assaltou minha vontade, furtando-me a iniciativa.

Larguei minha face, como outrora fizera, e corri para o espelho em busca de ajuda. Fui recebido por ele com silenciosa indiferença. Às cegas, saquei a navalha, em agonia. Livrei-me da barba com as mãos tremidas... Cortei o rosto e o sangue vermelho, gotejante, tingiu a pia branca...

Dessa vez, não adiantou. Era tarde demais...

Eu ainda estava ali.


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Meu Combustível na Madrugada




quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Dicas Culturais


Sou maluco por artes plásticas, tanto quanto sou por música, prosa e poesia.

Tenho muita coisa mal resolvida neste universo da Arte... Aos poucos, estou tentando desvendá-lo, ao mesmo tempo que procuro recuperar algum chão já trilhado por entre partituras e aquarelas...

Quase todo final ou início de ano, pego uma fração do meu décimo terceiro e "aplico" em livros (certamente, não há melhor investimento!). Acabo fazendo algumas "feirinhas" e presenteio-me com algumas obras... Desta vez, "lavei a burra", comprando livros cuja temática principal são as artes plásticas (mais na área de desenho e pintura). Estava devendo, a mim mesmo, alguns passos além da porta de entrada para este mundo fantástico e apaixonante.

Aproveitando o ensejo, divulgo, logo a seguir, os títulos, seus respectivos autores e sinopses não feitas por mim das obras que adquiri. Alguns desse livros talvez já estejam esgotados na editora, portanto, apenas poderão ser encontrados em sebos.

* * *

- Dicionário das Artes Plásticas no Brasil (Roberto Pontual).

Primeiras 66 páginas com introdução histórico-crítica de Mário Barata, Lourival Gomes Machado, Roberto Pontual, Carlos Cavalcanti, Flávio Mota, Araci Amaral, Walter Zanini, Ferreira Goulart e Édson Carneiro. A seguir, 560 páginas com as biografias de todos os artistas plásticos, de todas as especialidades, gêneros e categorias, que tiveram alguma influência astística na história do Brasil, desde o seu descobrimento, sejam eles naturais do país ou estrangeiros aqui radicados. Todas as páginas, desde a primeira até a última sem nenhuma exceção, estampam reproduções de todas as obras - pinturas, esculturas, gravuras, nankin, grafite, carvão, pastel ou xilogravura - que foram criadas no Brasil, desde o descobrimento.


- Da Cor a Cor Inexistente, 10ª edição (Israel Pedrosa).

Pintor, professor e pesquisador, Israel Pedrosa revelou em 1967 o domínio da cor inexistente depois de dezesseis anos de pesquisa. Publicado em 1977, esse verdadeiro tratado histórico sobre as cores chega à 10ª edição com a importância que apenas as obras clássicas mantêm. O livro aborda o desen vol vi mento da teoria das cores desde Da Vinci, passando por Newton, Goethe, Maxwell e Chevreul, entre outros estudiosos, e trata com clareza de temas como harmonização das cores, mutações cromáticas e cor inexistente. Um título indispensável para artistas, designers, professores e estudantes de arte.

Da Cor a Cor Inexistente é um livro esplêndido de Israel Pedrosa, pintor senhor de sua arte e que alcança dizer o máximo, e bem, com a maior clareza, sobre as teorias da cor, endereçando-a à prática profissional, à experiência e à paixão de artista.

Um livro para artistas, professores e estudantes de arte, para críticos e curiosos das coisas da pintura... Israel Pedrosa, com paixão pelo assunto e responsabilidade profissional, com capacidade excepcional de pesquisador, fez um estudo completo sobre a importância da cor e seus fenômenos interferentes na visão. A pintura em seu amplo setor de expressão (de comunicação), do quadro tradicionalmente concebido, até os mais surpreendentes recursos de técnicas para aguçar os sentimentos estéticos pela só presença da cor. Da cor que é luz. A luz que traz em seus raios a cor.


- À Mão Livre - A Linguagem e As Técnicas do Desenho (volume único), 1ª edição (Philip Hallawell).

Este livro se destina a todos os aficionados do desenho e da pintura, desde o iniciante nas artes até o estudante universitário.

Artistas plásticos que não têm base sólida de desenho e técnicas também encontram nesta obra um grande apoio.

O primeiro volume focaliza a linguagem e os fundamentos do desenho: composição e eixos, perspectiva, concepção de espaço, luz e sombra; além de orientações sobre o processo criativo.

O segundo volume relaciona os materiais necessários e os melhores modos de manipulá-los. Também discute características e limitações de cada técnica, orientando o leitor em suas escolhas.

Com esses dois livros, reunidos nesta edição, o leitor terá as informações de que necessita para desenvolver qualquer técnica de desenho. A intenção do autor não é formar artistas plásticos, mas enriquecer a vida das pessoas, proporcionando-lhes um meio de expressar sua criatividade.

O volume é complementado com ilustrações do autor, exemplos passo a passo, esquemas, fotografias dos materiais e reproduções de quadros de artistas do mundo todo.


- História da Arte, 16ª edição (Ernest H. Gombrich).

Um dos mais famosos e populares livros sobre arte já publicados. Durante 45 anos, permaneceu incomparável como uma introdução a todo o assunto, das mais antigas pinturas em cavernas à arte experimental de hoje. Leitores de todos os tempos e das mais diversas origens encontram no Professor Gombrich um verdadeiro mestre, que combina o conhecimento e a sabedoria a um talento excepcional para comunicar seu profundo amor pelas obras de arte que descreve.

"A História da Arte" deve sua duradoura popularidade à objetividade e simplicidade do texto, sem falar na habilidade do autor para apresentar uma narrativa fluente. Ele descreve seu objetivo como sendo o de trazer alguma ordem compreensível à riqueza de nomes, períodos e estilos que preenchem as páginas com as obras mais ambiciosas.

Usa a sua percepção da psicologia das artes visuais para nos fazer ver a história da arte como uma tela contínua e uma mudança de tradições, em que cada obra reflete o passado e aponta para o futuro, "uma corrente viva que ainda liga o nosso tempo com a era das Pirâmides". Em seu novo formato, a 16ª edição desta obra clássica mantém o seu progresso triunfante rumo às novas gerações, permanecendo como a primeira opção para os iniciantes no mundo da arte.


- História da Arte, 17ª edição (Graça Proença).

Um panorama completo e didático de toda a arte ocidental. Um instrumento de trabalho completo e sério para o professor e o aluno de Arte e Educação Artística.

Da Pré-História ao Pós-Moderno, todos os períodos da História da Arte são desenvolvidos em linguagem clara e didática. Os grandes movimentos da produção artística, as tendências, os artistas, os materiais - tudo está presente nesta obra abrangente e bem sistematizada. A arte no Brasil recebe destaque especial. Mais de 350 reproduções em cores apóiam as explicações do texto. Um dos únicos livros de História da Arte destinados ao estudante brasileiro.


- Arte e Percepção Visual, 13ª edição (Rudolf Arnheim).

A nova versão do célebre trabalho de Rudolf Arnheim interessa sobretudo a estudantes e professores de Arte e Psicologia, mas se revela como leitura fundamental para todos os que se interessam pela disciplina de Psicologia da Arte.

Seu conteúdo instrumentaliza a experiência da apreciação artística a partir da inata capacidade humana de entender por meio do olhar e propõe-se a discutir algumas qualidades da visão, objetivando fortalecê-las e dirigi-las. O autor preocupa-se em delinear o papel da atividade artística como principal instrumento de exploração da personalidade humana, e ressalta que os princípios do pensamento psicológico nele expressos provêm da teoria da Gestalt enquanto disciplina (portanto amplificando seu entendimento para além das fronteiras de método), que desde suas origens teve afinidade com a arte.


- O Universo da Cor, 1ª edição (Israel Pedrosa).

Vivemos num mundo marcado pelo poder da imagem, pelos recursos visuais e sobretudo pela cor. Se antes o estudo da cor era preocupação de alguns artistas, hoje ele é necessário a profissionais de diversas áreas, do maquiador ao designer, do cabeleireiro colorista ao organizador de festas e eventos. Em diferentes níveis de complexidade, esses profissionais devem entender os fundamentos básicos da cor, desenvolver a capacidade de perceber suas interações, os efeitos das diferentes combinações, enfim, precisam lidar com a cor como ferramenta importante em seu cotidiano de trabalho.

No entanto, por diferentes motivos da linguagem ao preço das obras especializadas no tema, os conhecimentos nem sempre estão acessíveis a todos. A proposta deste livro surgiu do reconhecimento de tais dificuldades e do desejo de Israel Pedrosa, artista plástico e professor de compartilhar com um público mais amplo um saber até então restrito aos meios acadêmicos e artísticos. O Universo da Cor é o resultado desse desafio.


- Tudo Sobre Arte, 1ª edição (Richard Cork | Stephen Farthing).

Abrangente e informativo, Tudo sobre arte será seu guia pelas imagens mais importantes de todos os tempos - aquelas que encontramos ao visitar museus, folhear jornais e revistas ou olhar para a capa de um romance. Organizado cronologicamente e repleto de ícones que encantaram o mundo, este livro traça um panorama da evolução artística em seus mais importantes estilos e movimentos, apresentando as obras emblemáticas da pintura, da escultura, da arte conceitual e da performática, além de análises detalhadas que facilitam sua compreensão.


- 501 Grandes Artistas - Um Guia Abrangente Sobre os Gigantes das Artes (Stephen Farthing).

501 grandes artistas reúne os maiores expoentes da arte mundial, desde os mestres da Antiguidade clássica aos inovadores performers contemporâneos, abrangendo os mais diversos estilos e movimentos artísticos. Obra de referência indispensável para amantes da arte, estudantes e pesquisadores, este livro revela fatos interessantes sobre a vida dos artistas, bem como informações essenciais relativas às suas obras-primas e as influências que exerceram na época e nas sociedades em que viveram.

Organizado em ordem cronológica e ilustrado com mais de 600 reproduções de pinturas, fotos de esculturas e instalações, além de retratos dos próprios artistas, este livro traz análises de profissionais conceituados sobre as obras mais representativas de todos os estilos ? desde a pintura de paisagens chinesa do século I às mais avançadas manifestações da arte contemporânea, passando pelas artes bizantina, gótica, renascentista, pelo impressionismo, o surrealismo, o cubismo, a fotocolagem, a arte performática, a vídeo arte e as instalações multimídia. No intuito de ampliar a diversidade dos perfis biografados e contemplar também a produção artística brasileira, foram incluídos 25 artistas que se destacaram no cenário nacional, entre os quais Aleijadinho, Portinari, Arthur Bispo do Rosário e Beatriz Milhazes, além de Hélio Oiticica e Vik Muniz, que já constavam da edição original inglesa.


- O Grande Livro da Aquarela (Philip Hallawell).

Este livro encoraja tanto o iniciante nas artes como o artista plástico a experimentar novas técnicas e descobrir abordagens diferentes para temas difíceis.

As múltiplas técnicas mostram que não há só uma forma "certa" de pintar aquarela.

Pinturas de artistas de estilos variados ilustram as técnicas utilizadas.

Técnicas e temas para pintar a guache, tinta acrílica, aquarela e em técnica mista, com indicações dos pincéis mais adequados.


* * *

Qualquer dúvida sintam-se à vontade para perguntar que respondo na medida do possível...

Espero que tenham gostado das dicas. ;D

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Na imagem: "Drawing Hands", 1948 by M. C. Escher.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Voltamos com nossa programação normal...


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No vídeo: Beach Boys cantam "I Get Around".

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Fazer a Vida, Fazer Sentido

"Não tente me entender, só me abrace."

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ao Irmão

Em um comentário escrito por mim num blog, alguns anos atrás, revelei que minha infância e um pedaço de minha adolescência aconteceram ao lado de dois irmãos. Um por parte de pai, e outro por parte de mãe.

Havia dito que a Vida nos proporciona situações dessa natureza para ensaiarmos um olhar fraterno mais amplo a todo ser humano...

Falei sobre os atritos com meus irmãos e que estes ocorreram por outros motivos e não este deles serem, do ponto de vista sangüíneo, "meio-irmãos".

Concluí, falando que, esta expressão "meio-irmão", não fazia sentido para mim, porque o amor não é algo que possa existir pela metade...


* * *

Um desses meus irmãos, hoje, mora longe. Tornou-se um empresário muito bem sucedido, casado com uma promotora, e já me deu dois lindos sobrinhos. Tenho pouco contato com ele.

O outro irmão, com o qual convivo, é o mais velho. Uma pessoa que enfrenta, no presente momento, uma fase muito difícil. A nossa relação também está numa situação bastante delicada e atribuo isso, em grande parte, ao forte temperamento dele e a equívocos na forma como a nossa mãe nos educou (os caçulas acabam tendo sempre mais atenção...).

A luta por compreensão tem sido grande. A suscetibilidade dele faz com que me sinta como alguém que caminha por um campo minado. Não raro, a mágoa nubla o afeto e o reverso dessa moeda cobra inúmeras vezes o perdão, ainda que tardio, em favor de nossa própria paz interior.

Apesar dos pesares, é costume passarmos ótimos momentos juntos. Gostamos muito de brincar, de "tirar onda" com tudo, e temos sim, algumas visões de vida em comum. Eu procuro sempre dar o máximo de espaço possível, para que se descubra e liberte-se dos medos que traz consigo.

A ele, dedico esta música:




Eu o amo, mas ele não precisa saber disso - não assim, verbalmente. O que ele precisa é que eu faça acontecer, a existência desse amor, em nossas vidas, sempre...

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No vídeo: The Hollies interpretam "He Ain't Heavy, He's My Brother", de Bobby Scott e Bob Russell.