__Não desembainhai vossas espadas! Abandonai vossas lanças e machados!__ proclamou o rei, a plenos pulmões, aos seus homens, no campo de batalha.
Todos se entreolharam surpresos e um ruidoso murmúrio percorreu as fileiras. Tinham escutado bem? Abandonar as armas, bem ali, diante do inimigo? O que tinha em mente, agora, aquele soberano, tão beligerante em suas decisões? Na véspera da batalha, havia rejeitado com veemência a trégua...
O medo e a confusão assaltaram a tropa. Em vão, os comandantes tentavam acalmar os ânimos mais exaltados. O líder muito amado parecia deixar seus guerreiros entregues a própria sorte...
__Rendição?! __inquietou-se um espadachim.
__O rei enlouqueceu?! __gesticulou o porta-estandarte.
__Ele nos abandonou! __odiou o piqueiro.
__Isso é covardia!!! __esbravejou um cavaleiro.
__Herege!!! __condenou o bispo.
__Senhor! O inimigo não terá compaixão! __engoliu seco um arqueiro.
__E nossas terras, esposas e filhos?! __implorou o escaramuçador.
__Que morra sozinho! __escarneceu um pagem.
Enquanto se levantavam cada vez mais raivosos, os protestos, uma sentinela sinalizava no alto de uma torre, a rápida aproximação do exército inimigo em grande formação cerrada...
A rainha, antes de partir, comovida, agarrou o braço de seu marido. Quisera saber o porquê daquela decisão. Por que arriscar tanto, a vida de tantos? E a própria vida? Não se importava mais com ela? Não amava mais a sua mulher?
O monarca endereçou à esposa um olhar de compaixão. Tocou no rosto da amada e sorriu com tristeza. Não se despediu. Afastou-se dalí, montado em seu cavalo que fora posto em marcha à frente de seus vassalos.
Com destemor, encarou o adversário. Ergueu sua espada reluzente e arremessou-a para longe.
__Quem me segue!?__ perguntou aos seus, com altivez.
Um silêncio sepulcral fora ouvido.
__Quem me segue?! __ e mais uma vez a pergunta não encontrou o que procurava.
E, no meio da tropa, houve quem erguesse voz ousada e atrevida, mais alta que as outras...
__Dane-se o rei! Carga total! __ era um de seus generais, montado em alvoroçado corcel negro. __ Avançar!!! Avançar!!!
A cavalaria pesada lançou-se delirante em direção ao flanco esquerdo da força oponente. O chão estremeceu sob os cascos. Cavaleiro e cavalo como única besta, num galope infernal...
A infantaria, por sua vez, contagiada pela euforia do general traidor, brandiu as armas, ensandecida. __A vitória ou a morte!!! __urraram em uníssono. Os clarins estridentes e os tambores de guerra soaram em ritmo acelerado.
A massa, antes compacta, após o choque frontal das armas, quebrou a formação. Todos ficaram mortalmente expostos ao ataque inimigo. Uma luta acirrada, desesperada, espalhou-se pelo campo. Impotente, o rei viu a carnificina recair por sobre seus homens apavorados. Quiseram recuar, mas era tarde...
__Xeque-mate! __vibrou Cicinho, meu amigo.
__Hum?
__Há! Xeque-mate! Olha aí, rapaz! Num tem saída!
__É... pelo visto, fechasse legal...
__O lance foi o teu cavalo. Movesse pra casa errada...
__Foi sim... Vacilo meu... __lamentei.
__Vamo outra que essa foi rápida.
__Tô afim não.
__Iiihhh... Que morgação é essa, meu velho... Ainda tás com aquela história na cabeça? Já disse, calma... deixa pra lá... curte o momento... Guardar raiva adoece a gente. Não é isso que você vive me dizendo?
__É... Mas, falar é fácil. Ficar calmo e aceitar são outros quinhentos... Certo?
__Relax my friend... Te convidei pra vir aqui em casa, pra esparecer a cuca... Toma teu refri sossegado e vamos fazer um brinde à...
__Paz? __arrisquei na resposta, um tanto irônico.
__Boa! __aplaudiu Cicinho. __Brindemos à paz em nós, porque este mundo tá muito louco. Que o bicho-homem possa deixar as guerras restritas apenas aos tabuleiros de xadrez!
__"Tin-tin", então...
Depois do brinde, derrubei o meu rei de cedro, no tabuleiro...
Todos se entreolharam surpresos e um ruidoso murmúrio percorreu as fileiras. Tinham escutado bem? Abandonar as armas, bem ali, diante do inimigo? O que tinha em mente, agora, aquele soberano, tão beligerante em suas decisões? Na véspera da batalha, havia rejeitado com veemência a trégua...
O medo e a confusão assaltaram a tropa. Em vão, os comandantes tentavam acalmar os ânimos mais exaltados. O líder muito amado parecia deixar seus guerreiros entregues a própria sorte...
__Rendição?! __inquietou-se um espadachim.
__O rei enlouqueceu?! __gesticulou o porta-estandarte.
__Ele nos abandonou! __odiou o piqueiro.
__Isso é covardia!!! __esbravejou um cavaleiro.
__Herege!!! __condenou o bispo.
__Senhor! O inimigo não terá compaixão! __engoliu seco um arqueiro.
__E nossas terras, esposas e filhos?! __implorou o escaramuçador.
__Que morra sozinho! __escarneceu um pagem.
Enquanto se levantavam cada vez mais raivosos, os protestos, uma sentinela sinalizava no alto de uma torre, a rápida aproximação do exército inimigo em grande formação cerrada...
A rainha, antes de partir, comovida, agarrou o braço de seu marido. Quisera saber o porquê daquela decisão. Por que arriscar tanto, a vida de tantos? E a própria vida? Não se importava mais com ela? Não amava mais a sua mulher?
O monarca endereçou à esposa um olhar de compaixão. Tocou no rosto da amada e sorriu com tristeza. Não se despediu. Afastou-se dalí, montado em seu cavalo que fora posto em marcha à frente de seus vassalos.
Com destemor, encarou o adversário. Ergueu sua espada reluzente e arremessou-a para longe.
__Quem me segue!?__ perguntou aos seus, com altivez.
Um silêncio sepulcral fora ouvido.
__Quem me segue?! __ e mais uma vez a pergunta não encontrou o que procurava.
E, no meio da tropa, houve quem erguesse voz ousada e atrevida, mais alta que as outras...
__Dane-se o rei! Carga total! __ era um de seus generais, montado em alvoroçado corcel negro. __ Avançar!!! Avançar!!!
A cavalaria pesada lançou-se delirante em direção ao flanco esquerdo da força oponente. O chão estremeceu sob os cascos. Cavaleiro e cavalo como única besta, num galope infernal...
A infantaria, por sua vez, contagiada pela euforia do general traidor, brandiu as armas, ensandecida. __A vitória ou a morte!!! __urraram em uníssono. Os clarins estridentes e os tambores de guerra soaram em ritmo acelerado.
A massa, antes compacta, após o choque frontal das armas, quebrou a formação. Todos ficaram mortalmente expostos ao ataque inimigo. Uma luta acirrada, desesperada, espalhou-se pelo campo. Impotente, o rei viu a carnificina recair por sobre seus homens apavorados. Quiseram recuar, mas era tarde...
__Xeque-mate! __vibrou Cicinho, meu amigo.
__Hum?
__Há! Xeque-mate! Olha aí, rapaz! Num tem saída!
__É... pelo visto, fechasse legal...
__O lance foi o teu cavalo. Movesse pra casa errada...
__Foi sim... Vacilo meu... __lamentei.
__Vamo outra que essa foi rápida.
__Tô afim não.
__Iiihhh... Que morgação é essa, meu velho... Ainda tás com aquela história na cabeça? Já disse, calma... deixa pra lá... curte o momento... Guardar raiva adoece a gente. Não é isso que você vive me dizendo?
__É... Mas, falar é fácil. Ficar calmo e aceitar são outros quinhentos... Certo?
__Relax my friend... Te convidei pra vir aqui em casa, pra esparecer a cuca... Toma teu refri sossegado e vamos fazer um brinde à...
__Paz? __arrisquei na resposta, um tanto irônico.
__Boa! __aplaudiu Cicinho. __Brindemos à paz em nós, porque este mundo tá muito louco. Que o bicho-homem possa deixar as guerras restritas apenas aos tabuleiros de xadrez!
__"Tin-tin", então...
Depois do brinde, derrubei o meu rei de cedro, no tabuleiro...
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