Nossas mãos entrelaçadas me envolveram numa satisfação quase orgástica quando vi a tua face, lentamente, ser modelada por sereno contentamento.
Permiti que a ponta de meu polegar realizasse suaves contornos na palma de tua mão, enquanto eu sentia teus dedos perderem força, resistência, despencando numa aceitação incondicional.
Ah, eu te queria mais... Queria ver até onde poderia voar... Ansiava descobrir que segredo maior conseguiria garimpar sob a luminosidade vermelha de teus lábios úmidos entreabertos, sedentos por um beijo cujo calor faria escorrer em teu íntimo minha paixão.
"Não... Agora, não!"__ pensei, contendo, com dificuldade, a avidez.
Se te beijasse, neste momento preciso, nunca revelarias quanta satisfação mais eu poderia dar a tua alma. Tudo terminaria tão rápido... No amor, os segundos e os minutos devem ser escravizados para que as horas se tornem amigas do desejo...
Era a vez da tua mão, não da tua boca e, na palma da tua mão, compus versos que seriam cantados por nós dois juntos, no leito, um pouco mais tarde, em meio a um labirinto sem saída de lençóis brancos...
Ainda eram esboços invisíveis que a imaginação dava forma, coloridos com teu sorriso meigo, ao mesmo tempo em que teus olhos, num sonho de prazer desarmado, iam dizendo tudo aquilo que eu precisava saber de ti...
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