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sábado, 12 de janeiro de 2013

Curumim de Luz

Era o céu que desabava sobre a cidade, na noite passada, numa noite de aguaceiro.

Uma chuvarada de pingo grosso e água fria caía forte, pesada, como se quisesse lavar o mundo das mazelas do homem.

A paisagem urbana ia adquirindo contornos imprecisos no momento em que fui surpreendido por algo, ou alguém, semelhante a uma criança, no que parecia ser uma brincadeira em meio ao dilúvio...

Suas risadas rivalizavam com o som retumbante dos trovões e seu sorriso era um relâmpago de esperança. As sombras, nos interiores dos edifícios, espantavam-se, ofuscadas, e recolhiam-se depressa diante da sua presença.

Com um pouco de dificuldade, eu enxergava a rua, mas conseguia vê-lo com muita nitidez. Podia jurar que todas as luzes daquela hora o procuravam...

Lembro-me de um vendaval,  a maneira de um dragão serpentino, tomar  a criaturinha pelos braços, colocá-la  sobre o seu lombo para juntos galoparem por dentro do temporal.

A passagem de ambos perto de mim tilintou com vigor meu mensageiro dos ventos, agitou as cortinas, secou minha boca, assanhou meus cabelos...

Após um rápido rodopio em torno de um poste, partiram juntos, rasgando aquele espesso véu d'água, tecido com abundância sobre as vias urbanas... Sumiram por entre os prédios...

Creio, agora, que talvez tenha sido um corisco que se fez criança, um "curumim de luz"...

1 vozes:

Isabela Xavier disse...

Que mágico!
Senti-me transportada para o conto quando imaginei todas as cenas de forma fantasiosa...

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