Tomamos o elevador e fomos até onde ele poderia nos levar.
Ao passarmos por uma porta vermelha, do tipo corta-fogo, mais alguns poucos degraus se mostraram e chegamos numa área cujo acabamento das paredes era inexistente.
Um corredor pouco espaçoso e fracamente iluminado, com alguns extintores, logo a nossa direita. Ele nos levou em direção a uma escada de manutenção presa na parede que apontava para um pequeno alçapão no teto. A passagem estreita era proibida, mas quem sabia que estávamos ali?
Minhas mãos começaram a esfriar e suar. Meu estômago embrulhava discretamente porque já antevia o que me esperava quando ultrapassasse a portinhola acima da escada...
Meus amigos foram na frente... Eles me chamaram com entusiasmo. Hesitei um pouco e subi. Havia vencido mais de vinte andares. Não desistiria logo naquele momento. Não queria perder a vista, por nada...
No topo do edifício, vinte metros quadrados ou trinta... não sei precisar... Entre nós e aquela altura estonteante, não existiam grades de proteção. Uma ventania se misturou com as nossas vozes...
Dois colegas arriscaram uma aproximação das bordas, um outro (acreditem) até saltos mortais executou... E quanto a mim?
Eu fiquei quase sem me mover, bem no centro, sob os olhares da vertigem... Passadas as primeiras sensações, lembrei, finalmente, que podia sentar... Aos poucos, porém, fui encontrando o caminho para a calma, até deixar meus medos serem domesticados pela maravilhosa explosão de cores em mais um incrível pôr-do-Sol...
Foi a minha recompensa.
Era tudo o que eu precisava naquela hora: uma fatia generosa de beleza que pudesse saciar minha fome de natureza...
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