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sábado, 18 de maio de 2013

Janelas Abertas para a Noite


Nas fotos, o olhar dela, sem brilho, quase nunca acompanha o sorriso forçado que lhe serve de esconderijo.

É como se ela carregasse consigo algum segredo de mentira que acabou transformando-se num fardo insustentável.

Nos seus olhos, um ainda discreto desgosto incontido marca as primeiras fissuras da realidade sobre si mesma, que revela aos poucos sua tristeza, como o despontar das primeiras sombras da noite no crepúsculo de um sábado de outono. 

Vejo aquela menina deslocada no tempo e no espaço; uma verdadeira arte em preto e branco que a solidão desenhou, animou e fez mergulhar nas festas onde são fabricadas a ilusão e o esquecimento. 

A garota virou um fantoche das próprias mentiras que, certamente, conta todos os dias para seu reflexo cego no espelho. Todos os dias, sem parar, pensa que o tempo não passará, apoiada numa crença de incertezas regadas com álcool e banhadas no perfume doce e nauseante da vaidade.

Ela acredita, piamente, que é apenas a soma de seus próprios erros e, com um esforço imenso, busca a corrupção de si mesma até a fraude convencê-la de sua fantasia.

Sinto que essa menina foge para os braços do vazio que traz consigo; em direção a um vácuo existencial que lhe pune por meio de uma vontade insaciável, a maneira de quem bebe, em goles fartos, a água salgada do mar...

2 vozes:

Unknown disse...

Muito belo, mas de partir o coração, talvez por uma identificação instantânea, talvez por flashes de um passado que desconheço...

Anônimo disse...

Quem é você, Manoel Bandeira? Ò.Ó
Só vou falar uma vez!!
Ficou muito lindo. :´(
~chorando litros~
Okay, não estou chorando nada, mas ficou lindo demais. Essa é uma visão de suicídio de uma maneira poética e, espantosamente, bela. Isso só torna a "coisa" mais horripilante.
Aprovado! :D

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