Em pleno motim dos sentimentos, instigados pela desobediência do desejo, o capitão olhou para o firmamento salpicado de estrelas.
E porque não conseguia ver o que lhe aguardava além do tempo presente, humilhado, imaginou-se abraçado à Estrela Polar...
Quase em êxtase, ouviu, em sua consciência, voz suave que julgou ser a do luminoso astro que respondia piedoso aos seus lamentos infantis:
__Amar-se é um seguir em frente com as certezas das correntezas e brisas oceânicas... Um deixar-se levar para onde apontam as luzes no céu da noite... É um desistir da desistência imposta pela âncora dos medos e de suas filhas: a dúvida e a rebeldia; é aceitar que a única certeza é o que sentimos e o Amor, dentre os sentimentos, é a certeza mais nobre que nos alcança... Amar-se, por fim e começo, é renunciar a esta crença: a de que o velejar só depende de nossas mãos...
Nessa mesma noite, o capitão entregou, sem resistência, o comando de sua nau.