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Sempre que estivermos no campo audível da música, sua influência atuará constantemente sobre nós - acelerando ou retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração; relaxando ou irritando os nervos; influindo na pressão sagüínea, na digestão e na respiração. Acredita-se que é vasto o seu efeito sobre as emoções e desejos do homem, e os pesquisadores estão apenas começando a suspeitar-lhe da extensão da influência até sobre os processos puramente intelectuais e mentais.
Além disso, influir no caráter do indivíduo é o mesmo que alterar o átomo ou unidade básica - a pessoa - com a qual se constrói toda a sociedade. Em outras palavras, a música também pode representar um papel muito mais importante no determinar do caráter e da direção da civilização do que a maioria das pessoas, até agora, propendeu a crer. Os poderes da música são multifacetados, às vezes msteriosamente potentes e, até agora, não de todo compreendidos. Podem ser usados ou abusados. Desprezamos o emprego consciente, construtivo, desses poderes em nosso próprio prejuízo. Ignoramo-lo para o nosso próprio perigo.
Conquanto pouco se reflita hoje em dia sobre o significado ou a função da música dentro da sociedade, as civilizações de outrora eram, de ordinário, muito cônscias do poder da música. Isto foi especialmente verdadeiro na era pré-cristã. Com efeito, quanto mais olhamos para trás no tempo, tanto mais se nos deparam pessoas que tinham consciência dos poderes inerentes ao âmago de toda música e de todo o som.
Tem sido fácil para o homem moderno, nascido e educado numa sociedade impregnada da filosofia do materialismo e do reducionismo, cair na armadilha de ter a música na conta de um aspecto não-essencial e até periférico da vida humana. E, no entanto, um ponto de vista dessa natureza teria sido considerado pelos filósofos da antigüidade não só irracional, mas também, fundamentalmente suicida. Porque desde a China até o Egito, desde a Índia até a idade áurea da Grécia, encontramos o mesmo: a crença de que há algo imensamente fundamental na música; algo que, criam os antigos, lhe dava o poder de fazer evolver ou degradar completamente a alma do indivíduo - e, por esse modo, fazer ou desfazer civilizações inteiras.
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(Excerto de O Poder Oculto da Música, David Tame, Cultrix, 9ª edição, 1993)
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