rss
email
twitter
facebook

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Retrato do Fim de Uma Madrugada Insone

A alvorada ia apagando, aos poucos, as cores noturnas do zimbório. Até já podiam ser ouvidos os gorjeios festivos das aves empoleiradas nos fios de alta tensão.

Desceu a rua ladrilhada, suja pela areia úmida arrastada que a chuva trouxe dos quintais da vizinhança na noite anterior. O frio ainda penetrava seus ossos e fazia lento o caminhar, enquanto respirava o cheiro verde sempre desperto da vegetação do bairro.

O som monótono dos passos sonolentos lhe parecia pesado.

Ante a sua passagem por portão enferrujado entreaberto, pequeno cão preto, alerta e mal-humorado, de latido forte, quis acordar a vizinhança... Uma breve algazarra aconteceu, quando outros cães, igualmente ruidosos, fizeram coro sem maiores conseqüências...

Entrou à direita numa alameda, onde, ao longo da mesma, armazéns de portas pichadas se estendiam pelo calçamento estreito e irregular, arrebentado pelas grossas raízes das árvores.

Ali, os terrenos baldios transbordavam seus abandonos para além dos muros caiados de tijolos caídos.

Ele andava à maneira de sua própria sombra imaculada, que aparecia novamente atrás de si, desejando-lhe um bom dia.

0 vozes:

Postar um comentário