À noite, o matagal era a imagem do silêncio e a Lua Cheia, aos poucos, ia assumindo o seu zênite.
Através de algumas brechas na folhagem densa das copas do arvoredo, os feixes argentinos do luar espremiam-se para conseguirem tocar o chão da floresta. O surgimento deles, naquele recanto escuro, era o sinal pelo qual o besouro Zé Esmeraldino tanto ansiava...
De dentro dos arbustos, o pequenino inseto, com cautela, movimentou suas antenas à procura de algo no ar que lhe indicasse a presença de algum sapo, tarântula ou centopéia. Nada percebendo, aprumou os élitros e disparou em direção a árvore mais próxima. Iniciava assim a maior aventura de sua vida!
Agarrou-se como pôde em imensas raízes tabulares que rasgavam o terreno à maneira de intermináveis estradas acidentadas. Alcançando o lenhoso caule, percorreu com dificuldade os sulcos profundos e as calosidades na casca grossa da velha planta como quem vence abismos e canyons.
Por pouco não se perdeu na copagem, em meio ao labirinto de ramos e folhas, conseguindo sair dele, graças a ajuda de lagartas pacientes. Também lançou mão de alguns truques que levava consigo para escapar das longas fileiras de formigas nervosas.
Esmeraldino era muito sabido. Andou na ponta dos pés perto de vespeiros e uma vez permaneceu imóvel, ciente da cor que o revestia, para confundir-se com o ambiente no intuito de ficar virtualmente invisível aos olhos dum camaleão faminto que por ele passava.
Numa ocasião, arriscou-se em vôos breves de um galho a outro, desafiando o equilíbrio com ousadia, no embalo de frias correntes de ar traiçoeiras. Em outro momento, quase tombou inebriado pelo perfume de belas orquídeas e pelo doce apelo da seiva viscosa, oferecida por percevejos libertinos.
Insistia, porém, na escalada, sem se dar conta de quantos escorregões sofreu, por descuido, em largos limbos de grandes folhas...
Atingindo a cimeira, finalmente, a intrépida criaturinha contemplou perplexa o faiscar dos astros na abóbada celeste. Não cabia em si de contentamento! A visão era bem mais bela que o imaginado!
Quando a temperatura baixou, a umidade se condensou magicamente sobre o folhame, formando o sereno da madrugada. Os milhões de gotículas passaram a refletir, cada uma, a imagem do firmamento, trazendo o céu infinitas vezes à Terra!
Zé Esmeraldino escolheu uma gota de tamanho maior, dela se aproximando. Com os olhos arregalados, viu a Lua espelhada na superfície líquida e apalpou-a carinhosamente com suas antenas. Fascinado, quis trazer o universo inteiro para si...
Sorveu o orvalho.
Em assombro, sentiu que saía dalí voando numa velocidade maior que a da luz... Percorreu galáxias distantes, conhecendo nebulosas, quasares, supernovas, buracos negros, cometas e muitos corpos celestes e... muitas outras dimensões...
O valente besourinho verde, desde então, nunca mais fora visto.
Uma onça pintada vive espalhando um boato pela vizinhança, dizendo que Esmeraldino brilha agora, no céu, como uma constelação. Ela jura, com as quatro patas juntas, que viu o dia em que isso aconteceu e ainda aponta para o local onde o pequeno herói estaria imortalizado.
Todavia, um macaco capuchinho traz uma outra versão da história: ele ouviu a passarinhada cantar, em plena alvorada, que Zé nunca mais fora visto, porque nunca mais fora o mesmo...
Através de algumas brechas na folhagem densa das copas do arvoredo, os feixes argentinos do luar espremiam-se para conseguirem tocar o chão da floresta. O surgimento deles, naquele recanto escuro, era o sinal pelo qual o besouro Zé Esmeraldino tanto ansiava...
De dentro dos arbustos, o pequenino inseto, com cautela, movimentou suas antenas à procura de algo no ar que lhe indicasse a presença de algum sapo, tarântula ou centopéia. Nada percebendo, aprumou os élitros e disparou em direção a árvore mais próxima. Iniciava assim a maior aventura de sua vida!
Agarrou-se como pôde em imensas raízes tabulares que rasgavam o terreno à maneira de intermináveis estradas acidentadas. Alcançando o lenhoso caule, percorreu com dificuldade os sulcos profundos e as calosidades na casca grossa da velha planta como quem vence abismos e canyons.
Por pouco não se perdeu na copagem, em meio ao labirinto de ramos e folhas, conseguindo sair dele, graças a ajuda de lagartas pacientes. Também lançou mão de alguns truques que levava consigo para escapar das longas fileiras de formigas nervosas.
Esmeraldino era muito sabido. Andou na ponta dos pés perto de vespeiros e uma vez permaneceu imóvel, ciente da cor que o revestia, para confundir-se com o ambiente no intuito de ficar virtualmente invisível aos olhos dum camaleão faminto que por ele passava.
Numa ocasião, arriscou-se em vôos breves de um galho a outro, desafiando o equilíbrio com ousadia, no embalo de frias correntes de ar traiçoeiras. Em outro momento, quase tombou inebriado pelo perfume de belas orquídeas e pelo doce apelo da seiva viscosa, oferecida por percevejos libertinos.
Insistia, porém, na escalada, sem se dar conta de quantos escorregões sofreu, por descuido, em largos limbos de grandes folhas...
Atingindo a cimeira, finalmente, a intrépida criaturinha contemplou perplexa o faiscar dos astros na abóbada celeste. Não cabia em si de contentamento! A visão era bem mais bela que o imaginado!
Quando a temperatura baixou, a umidade se condensou magicamente sobre o folhame, formando o sereno da madrugada. Os milhões de gotículas passaram a refletir, cada uma, a imagem do firmamento, trazendo o céu infinitas vezes à Terra!
Zé Esmeraldino escolheu uma gota de tamanho maior, dela se aproximando. Com os olhos arregalados, viu a Lua espelhada na superfície líquida e apalpou-a carinhosamente com suas antenas. Fascinado, quis trazer o universo inteiro para si...
Sorveu o orvalho.
Em assombro, sentiu que saía dalí voando numa velocidade maior que a da luz... Percorreu galáxias distantes, conhecendo nebulosas, quasares, supernovas, buracos negros, cometas e muitos corpos celestes e... muitas outras dimensões...
O valente besourinho verde, desde então, nunca mais fora visto.
Uma onça pintada vive espalhando um boato pela vizinhança, dizendo que Esmeraldino brilha agora, no céu, como uma constelação. Ela jura, com as quatro patas juntas, que viu o dia em que isso aconteceu e ainda aponta para o local onde o pequeno herói estaria imortalizado.
Todavia, um macaco capuchinho traz uma outra versão da história: ele ouviu a passarinhada cantar, em plena alvorada, que Zé nunca mais fora visto, porque nunca mais fora o mesmo...
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