Colocar em palavras os sentimentos altera sobremaneira a realidade vivida pelo poeta.
Alma nenhuma está circunscrita ao corpo, ou a um único corpo. Não falo aqui em reencarnação. Refiro-me à liberdade que a alma - essência de qualquer ente - pode encontrar no pensamento (ou no coração) de outrem.
Entretanto, será que a essência encontra mesmo liberdade neste mundo?
Toda essência é fugidia por natureza. Sempre clama por liberdade, ante o mínimo ato de limitação por parte do poeta.
Quem sabe se não é essa dialética, entre o aprisionamento que a razão impõe à alma e o permanente anseio desta última por fugir das amarras daqueloutra, que enseja os rasgos de criatividade?
Neste plano das formas, onde imperam os rótulos, as compactações, os embrulhos e revestimentos talvez só reste à essência das coisas o espaço limitado das representações, por maior que seja o espaço permitido pela consciência de outrem.