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domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Macaco, A Moringa e O Monge


Realmente, estava difícil.

A moringa, embora possuísse formas generosas, tinha um gargalo bastante estreito...

O macaquinho faminto nunca iria conseguir retirar a sua pequena pata daquela vasilha, segurando o petisco.

Um jovem monge, de nome Mamoru, vira toda a cena. Pondo de lado os sutras, foi ligeiro ao encontro do animalzinho em apuros. Gesto este que sofreu, na voz de seu superior, uma pronta repreensão. Monge algum deveria, pelas normas do templo, abandonar a leitura dos escritos sagrados!

Mamoru, nem de longe importou-se com a advertência de seu mestre. Tão pouco, permitiu-se abalar pela rápida lembrança das já conhecidas conseqüências que sua indisciplina poderia trazer-lhe... Mesmo assim, segurou e entornou cuidadosamente a moringa com uma das mãos para logo fazer cair na outra a doce iguaria.

Sorrindo como uma criança, viu o bichinho, com o fruto maior que a boca, ganhar o mundo novamente...

Ao retirar-se, o macaquinho atrapalhado derrubou a moringa que se espatifou em infinitas partes. Neste instante, o jovem monge surpreedeu-se ao ver, surgindo dos fragmentos de barro, cercado pelo brilho dourado mais intenso, Siddhartha Gautama - o Buddha Shakyamuni, Senhor da Compaixão!

Um aroma de sândalo invadiu o recinto...

Mamoru reverente e de joelhos viu, maravilhado, a destra luminosa do numinoso ser tocar-lhe o ombro, gentilmente. Após sentir a virtude daquele Buddha, teve a vívida sensação de que labaredas consumiam-no, todavia percebesse o corpo de carne ainda íntegro...

A ardência se propagou ao longo de toda a coluna vertebral, alcançando, finalmente, o alto de sua cabeça. Seguindo o ardor, sobreveio um frescor de plenitude. Uma intensa paz arrebatou a sua alma para um mundo além do imaginado.

Algo como uma flor de lótus, ali desabrochou lentamente e Mamoru atingiu a iluminação...

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Na imagem: estátua de Buddha situada no pagode de Shwe Kyee Myin, Mandalay, Myanmar.

1 vozes:

Sheila disse...

A gente consegue complicar tudo, não é? Até o que acreditamos ser o que nos "salvará"! No entanto, é tão simples... aliás, o segredo é exatamente a simplicidade. Poder viver, arriscar erros e nos felicitarmos por acertos é o que nos "salva"!

Bjks e boa semana.

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