Tentei distanciar-me da saudade que a tua ausência trouxe a minha existência sem sentido. Não suportava amar apenas a solidão.
Contra minha vontade, degredei-me para uma ilha distante, onde reina o egoísta infeliz que todos os dias lamenta-se profundamente por ser assim...
Sentenciei meus sentimentos por ti a instantes intermináveis de amargo silêncio, porque perdem a razão quando alguém se encontra só.
De pensamento mudo, o claustro da cela ao qual me condenei fez-me quedar na vergonha por ter desejado nunca mais te ver...
Todavia, já deveria saber: um coração que ama é indomável, insofreável, impossível de ser preso eternamente nos pesados grilhões da indiferença do eu obscuro!
Fugi, então, de forma espetacular, dessa prisão úmida e escura, deixando para trás uma ilha chamada "tenho medo de te amar".
* * *
O Sol da Paixão cegou-me, cobrando o seu tributo, por eu ter sido tão rebelde.
Mas os deuses, por compaixão, fizeram com que voltasse a enxergar...
...pelos olhos de tua alma...
"E assim deve ser" - disseram-nos - "para que nunca mais haja solidão entre vós que amais um ao outro".