Duas faces revoltas, como reflexos num espelho d’água, distorcidos por nossas próprias mãos.
Tão irreconhecíveis nos tornamos um para o outro que não mais nos encontramos quando juntos estivemos pela última vez.
Eu perguntava a ti onde estavas, pensando ser outro alguém... Tu perguntavas a mim onde eu estava, escutando outro te responder... Passamos a acordar, todos os dias, com estranhos ao nosso lado e somente agora percebo que esses estranhos éramos nós mesmos...
Assim, tão distantes, cada vez que fazíamos amor, era uma traição...
A mágoa endurecida deu forma à indiferença e transformou em migalhas nossa cumplicidade. Tudo o que chamávamos de lar se desfez como um castelo de cartas, soprado por um brusco fechar de porta.
Uma vergonha muda insculpiu em nossos rostos, antes acobertados pela ilusão, a solidão de dois seres na companhia da ausência.
Nada mais seria como antes.
Não houve adeus.
Tão irreconhecíveis nos tornamos um para o outro que não mais nos encontramos quando juntos estivemos pela última vez.
Eu perguntava a ti onde estavas, pensando ser outro alguém... Tu perguntavas a mim onde eu estava, escutando outro te responder... Passamos a acordar, todos os dias, com estranhos ao nosso lado e somente agora percebo que esses estranhos éramos nós mesmos...
Assim, tão distantes, cada vez que fazíamos amor, era uma traição...
A mágoa endurecida deu forma à indiferença e transformou em migalhas nossa cumplicidade. Tudo o que chamávamos de lar se desfez como um castelo de cartas, soprado por um brusco fechar de porta.
Uma vergonha muda insculpiu em nossos rostos, antes acobertados pela ilusão, a solidão de dois seres na companhia da ausência.
Nada mais seria como antes.
Não houve adeus.
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Na imagem: The Lovers, 1928 - René Magritte.